Hoje acordei pensando na vida
no amargo gosto do fel, na ferida
Queria gritar, espraguejar, incendiar
remoí os cacos despedaçados do meu eu solitário
desarrumei ainda mais os lençóis já desarrumados
da insônia que pesa na noite vazia
sangrei ainda mais as feridas
e vi a mim no espelho com olhos de horror
Pensei em morte, solidão
nos amigos que se foram e nos amores mal acabados
teci quilômetros de pensamentos inúteis e distorcidos
de uma visão tao embaçada que não consegue enxergar a mim
questionamentos de uma noite tão quente e coração frio
estou a ponto de acender o pavio
e quem iria se preocupar com essa explosão?
Diante de tanta confusão
tenho desejo de sair da inércia
talvez nos caminhos mais obscuros
ainda deseje uma distração
Desligo o ar condicionado
saio do quarto
e mais uma vez dou a cara à tapa pra vida aqui fora
ergo uma taça de vinho como sangue
e enfim celebro a vida
Por mais uma vez quero fechar as feridas
e seguir vivendo em paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário